Um dos objetivos da Vray.pt é dar a conhecer diferentes perfis de nossa indústria, e com as nossas entrevistas queremos trazer diferentes perspectivas sobre a profissão, desde estudantes a renomados estúdios ou artistas reconhecidos. Hoje contamos com Alba del Castillo, vencedora do concurso CG Architect na categoria de animação estudantil (filme de estudantes) com a sua peça "Feeling Good" e temos a oportunidade de conversar com ela e perguntar um pouco mais sobre a sua experiência e os seus planos para o futuro

1. Conta-nos em poucas palavras quem és e fala-nos um pouco sobre o teu background profissional.
Eu licenciei-me como arquiteta na Universidade de Granada e, embora seja algo que gosto, sempre me senti atraída por tudo o que está relacionado à imagem e ao design. Quando acabei a formação vim a Madrid e comecei a trabalhar para Luis Vidal y arquitetos, onde continuo a fazer parte da equipa, estando á frente do departamento de imagem do estúdio.
2. Por que decidiste fazer o 3D e quais foram teus primeiros passos?
Desde que sou pequena que sou apaixonada por filmes de animação, 3D, cinema e desenho. De todo o espectro de opções que tive para estudar escolhi a arquitetura, já que há algo de desenho e ao mesmo tempo de técnica nela. Mesmo assim, a minha segunda opção sempre foi Belas Artes. Eu nunca parei de sentir uma estranha atração e curiosidade pela linguagem audiovisual, até que então finalmente decidi estudar o Mestrado de visualização arquitetónica com Eduardo Rodriguez, que tem sido para mim uma peça chave nesta nova etapa

3. Quais são as tuas referências dentro e fora do setor de comunicação arquitetónica?
Eu gosto muito de filmes, de publicidades, como por exemplo as que contam histórias breves que funcionam, de efeitos visuais e ficção científica. A música é também um elemento fundamental no meu processo de trabalho. Quando ouço uma música, imagens vêm à minha cabeça e assim começo a imaginar histórias, composições, etc.
Dentro da indústria eu gosto realmente do estilo de MIR, porque é muito pessoal e as suas imagens são bastante evocadoras. Alex Roman tem também sido uma referência para mim, por muito óbvio que seja, porque o seu trabalho foi o que me encorajou a fazer o projeto pessoal que mais tarde resultou no "Feeling good". Eu gosto também de MiraRuido, o pseudônimo do ilustrador basco Joseba Elorza. E Simon Stalenhag, pela temática das suas ilustrações.
4. Qual foi a sua motivação para fazer o projeto "Feeling good"?
Eu queria fazer um projeto pessoal, dedicar tempo e amor. Então, quando tivemos que fazer o projeto final do Mestrado, eu queria dedicar todo o tempo necessário para construir uma história com a qual eu me conectasse, que significasse algo para mim. Estou muito feliz por tê-lo feito e acabado, o que não é fácil quando se tem que o combinar com o dia-a-dia no trabalho, mas obtive muitas satisfações no processo e, acima de tudo, aprendi muito.

5. Vimos que ganhaste o CG Architect Film Student Award pelo "Feeling good", conta-nos como foi a tua experiência ao participar neste evento?
Foi uma ótima experiência. A D2 Conference em Viena foi uma grande descoberta para mim. Poder conhecer pessoas de todo o mundo relacionadas com esta indústria, os seus trabalhos e a sua visão, pareceu-me muito enriquecedor. Para alguém como eu, que quase que acabou de começar, é uma ponte de contato com o mundo de ArchViz. Conhecem-se pessoas de tal forma diversas: pessoas que acabaram de começar com tu, pessoas que estão por aí já faz algum tempo ou grandes empresas reconhecidas. Além disso, as conversas que se proporcionam ao longo dos dois dias são muito interessantes.
6. Podes-nos falar sobre "Feeling good" e sobre a atmosfera e emoções que quiseste transmitir?
O que me ajudou a inspirar-me foi a música. A primeira que escolhi foi esta canção maravilhosa da Nina Simone. Através da melodia, imaginei uma história, um contexto, a atmosfera do cenário principal. Imaginei um espaço abandonado, num contexto de solidão, calor, poeira... E no qual de repente, algo aconteceu, algo que quebrou e falou de liberdade. Suponho que a minha paixão por ficção científica também poderá ter influenciado a história hehe.

7. Pretendes continuar a trabalhar em projetos pessoais?
Sim, essa é a minha intenção. Na verdade, eu já tenho novas ideias que gostaria de desenvolver nos próximos meses. Não gostaria de parar de as fazer porque eu realmente gosto imenso do processo.
8. Até agora, qual tem sido o teu maior desafio em todo este processo?
Para mim, a coisa mais difícil tem sido encontrar o tempo para poder aplicar tudo o que aprendi nas aulas. Tens que conseguir combinar a vida pessoal, familiar e profissional para levar tudo vez a vez. Agora que já não tenho aulas, tenho a mesma garra para realizar os meus projetos pessoais. Acho que eles são importantes para manter uma mente ativa e conectada às suas ideias

9. Quais são os teus próximos passos?
Como referi antes, gostaria de continuar a desenvolver projetos pessoais. Quero também continuar a estudar e a aprender técnicas, conceitos, ferramentas, etc. Eu gosto muito de 'renovar' o conhecimento e aprender. Estou sempre á procura de coisas novas que me mantenham ativa. Na verdade, daqui a algumas semanas vou começar um curso de pintura matte no qual tenho a certeza que vou aprender imenso.
10. O que dirias a alguém que está agora a começar a entrar na profissão de comunicação arquitetónica, tens algum conselho?
Bom, eu não sei se isto será considerado um conselho, mas se alguém que tem dúvidas sobre a profissão me perguntasse, eu dir-lhe-ia para seguir a sua intuição e paixão. Para mim, isto é uma vocação e se ademais for possível também viver disso, já é um sucesso. Acho que para se fazer um bom trabalho / projeto é necessário dedicar-lhe tempo e amor, ter atenção ao detalhe e às vezes enchermo-nos de paciência. É por isso que acredito que temos que ter paixão pelo que fazemos e, claro, nunca parar de aprender.
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